O segmento MICE (meetings, incentives, conferences and exhibitions) “é muito importante para Portugal”, mas a infraestrutura existente no país ainda é “bastante deficitária”, alertou João Luís Moita, managing partner da TigerTeam.
“Não temos verdadeiramente um centro de congressos digno desse nome, nem temos congress hotels, aquele hotel que é construído de raíz a pensar nos grandes grupos e nos grandes movimentos”, sublinhou o sócio-gestor da TigerTeam, no 21º Congresso da ADHP, a decorrer em Almada.
Para sublinhar a importância do segmento MICE para Portugal, João Luís Moita frisou que mais de 20% dos participantes em grandes eventos corporativos dizem ter intenções de voltar ao destino com a família ou amigos como turistas.
A importância do MICE para o combate à sazonalidade e para os resultados dos hotéis em Portugal é incontornável para o sócio-gestor, que salienta que para este tipo de cliente “o hotel não é meramente uma cama, não é meramente para dormir”.
Com colaboração é possível criar experiências mais autênticas, como por exemplo um workshop com o chef do hotel antes da refeição, ou até um horário alargado para o bar durante o evento, o que faz com que a hotelaria tenha mais formas de capitalizar com este segmento, oferecendo mais opções, defendeu João Luís Moita.
Reconhecendo que os eventos MICE são uma dor de cabeça para um director de hotel, porque abrangem tudo, desde o staff à venda, o executivo afirmou que para garantir os grandes eventos internacionais é necessário colaboração entre os DMCs e as direcções do hotéis, porque a logística abrange uma série de factores.
Sobre as tendências dos tempos livres durante os eventos corporativos, o sócio-gestor da TigerTeam indicou que os participantes já não optam pelos circuitos organizados em autocarro, querem hotéis em ‘walking distance’ do local do evento, para evitar consumos energéticos, e querem experiências diferenciadas no tempo livre, com cada participante a inscrever-se no que lhe interessa, sejam tours, quizes, peddy-papers, actividades de Natureza, trekking, vela, entre outros.
João Luís Moita aproveitou a ocasião para apelar aos hoteleiros, particularmente às direcções dos hotéis, para que “trabalhem mais próximo de nós, dêem-nos tarifas competitivas, não sejam tão rígidos com os allotments e nos releases”, porque é difícil planear com segurança com tanta antecedência.
O executivo apontou a fixação dos preços como um dos problemas no trabalho com os hotéis, dando como exemplo uma situação de uma reserva de 150 quartos feita com um ano de antecedência, que, mais perto da data do evento requer mais quartos, mas são apresentados preços exorbitantes, o que leva os DMCs a escolher outra opção.
“As regras do ‘first approach’ nunca são exequíveis, eu penso que se vocês nos ajudarem um pouco e forem um pouco mais flexíveis terão bastante a ganhar com isso”, defendeu o sócio-gestor da TigerTeam. “Se não pagamos logo os 30%-50% com a confirmação da reserva oito nove meses antes, se não o fazemos é porque não podemos e não temos verba suficiente por parte do cliente”, indicou.
“Continuem a dar-nos comissões atractivas”, rematou João Luís Moita, “No final do dia nós vivemos disso, não só disso, mas essa parte é muito importante, porque vocês continuam a dar mais às OTAs e às Bookings do que às DMCs nacionais”.
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