A actividade das agências de viagens e dos operadores turísticos em Portugal representou 2,6% do PIB em 2023, de acordo com um estudo da EY apresentado no 49º Congresso da APAVT (Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo).
“As comissões são uma parte muito significativa do negócio das agências de viagens – porque a maioria são intermediários”, mas é preciso fazer “uma análise do valor que é alavancado pelo turista agenciado”, contextualizou Sandra Primitivo, directora executiva da EY, na apresentação do estudo.
“Se uma agência de viagens traz um grupo de alemães num voo da TAP, reserva o alojamento em Portugal, reserva tours e eventualmente rent-a-car, a riqueza que esta agência de viagens traz para o país não é a comissão”, exemplificou Sandra Primitivo.
Os efeitos em termos de Valor Acrescentado Bruto (VAB) “dinamizam actividades a montante na cadeia de valor”. Ou seja, “para as agências fazerem isto há outras actividades que são chamadas a contribuir”, enfatizou a executiva.
Com esses efeitos catalisadores contabilizados no estudo, a EY concluiu que o valor económico das agências de viagens e operadores turísticos em 2019, antes da pandemia, era de 2% do Produto Interno Bruto (PIB), tendo subido para 2,4% em 2022.
“Em 2023, temos uma previsão de 2,6% [do PIB], com 6 mil milhões de euros de VAB e de contributo das agências de viagens para a economia, que equivale mais ou menos ao PIB do Montenegro e quase ao PIB do Mónaco”, sublinhou Sandra Primitivo.
Dez maiores empresas concentram 40% do volume de negócios
O estudo da EY, com dados referentes a 2022, demonstra que o sector da distribuição em Portugal é caracterizado por empresas de dimensão reduzida, elevada rotatividade, natureza familiar e níveis de qualificação elevados em cargos de gestão.
O número de empresas aumentou ao longo dos anos até à pandemia de covid-19, período durante o qual reduziram as aberturas e aumentaram os fechos. Em 2022 existiam 2.627 empresas de distribuição turística, mais 23 que em 2019.
Neste sector, 40% das empresas têm menos de cinco anos, porque existem poucas barreira à entrada, de acordo com a directora executiva da EY.
“As empresas mais antigas representam uma parte muito importante do volume de negócios, quase 60%, e as dez maiores representam 40% do volume de negócios”, sublinhou Sandra Primitivo.
“Temos um mercado muito fragmentado, mas os volumes de negócios estão nas empresas mais antigas, que são as mais resilientes e que têm maior quota de mercado”, enquanto “as empresas mais pequenas tendem a sair do mercado com maior frequência”.
Em 2022, houve uma recuperação do volume de negócios das agências de viagens e operadores turísticos, mas não chegou a atingir os volumes de 2019. Contudo, em 2023, de acordo com dados divulgados depois da realização do estudo, “houve uma retoma e já está perfeitamente ao nível anterior”.
O volume de negócios das agências de viagens e operadores turísticos atingiu 2.634 milhões de euros em 2022, 7,2% ou 206 milhões de euros abaixo de 2019, de acordo com o estudo.
Outgoing de lazer lidera
O segmento de ougoing de lazer continua a ter o maior volume de negócios e passageiros das agências de viagens e operadores turísticos em Portugal, e reforçou-se, dado que representava 50% em 2019 e passou a representar 61% em 2022.
O corporate, por sua vez, representava 20% do volume de negócios da distribuição em Portugal em 2019 e passou a representar 17% em 2022, de acordo com o estudo da EY.
O estudo revelou ainda que 37% do volume de negócios das empresas da distribuição respeita a facturação realizada através de canais online. “Tem crescido, mas devagar, o que quer dizer que os balcões presenciais continua a ser a grande aposta das agências de viagens”.
O PressTUR viajou para Huelva a convite da APAVT
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