O Aeroporto de Lisboa tem “os problemas que toda a gente conhece”, mas tem “abertura para nos ouvir e para tentar fazer melhor, que é o que nos interessa”, afirmou o director da Emirates em Portugal, David Quito, em entrevista ao PressTUR.
PressTUR: Quais são os principais desafios para este ano? Temos uma guerra na Europa, temos inflação…
David Quito: Todos esses sinais não nos permitem estar esfuziantes, mas temos indicadores muito positivos. Esta procura constante que temos verificado desde o ano passado mantém-se, o que é muito positivo. Os principais desafios são essas nuvens todas que vêm por aí. Este ano fizemos um aumento de capacidade e nós não gostamos de injectar para depois tirar. Queremos ter um negócio sustentável. Portanto, é sempre um risco. Uma das principais dúvidas para este ano que nos pode trazer algum travão é a pandemia. Há sinais de alerta, mas continuamos a investir.
PressTUR: Que investimentos estão a fazer?
David Quito: Começámos em Novembro do ano passado a investir 2 mil milhões de dólares em alterações na frota para melhorar o produto a bordo. É um processo que vai até 2025 e inclui a alteração de 120 aviões, mais ou menos 60 A380 e 60 B777.
PressTUR: Quando é que os aviões que operam para Portugal serão melhorados?
David Quito: Ainda estamos nos A380, depois é que vamos passar para os B777. Todo este processo vai estar em curso até meados de 2025. Os equipamentos vão ter a nova Premium Economy.

PressTUR: O congestionamento do Aeroporto de Lisboa tem afectado a vossa operação?
David Quito: É um desafio. O Aeroporto é um parceiro para a Emirates. Mal ou bem, gostando mais ou gostando menos, com os problemas que toda a gente conhece, a ANA sempre foi um parceiro para nós. É o aeroporto que temos. Não sei se é resignação, se é resiliência, mas temos que trabalhar. Queremos voar para Portugal e temos que trabalhar com eles. Estamos sempre a sugerir medidas de melhoria e o aeroporto está muitas vezes disponível para acolher essas medidas. Às vezes funcionam, outras vezes não, porque o aeroporto é um ecossistema de muitos parceiros. Mas têm abertura para nos ouvir e para tentar fazer melhor, que é o que nos interessa. Não nos adianta entrar numa conversa catastrofista porque não nos vai ajudar. E nós a nível do aeroporto também somos um player relativamente pequeno comparado com outras companhias que têm muito mais aviões e muito mais faixas horárias. O que sabemos é que trabalham connosco e querem fazer melhor. Agora, há muitas decisões que não dependem do aeroporto nem das pessoas que trabalham no aeroporto. É algo que temos que ir construtivamente trabalhando.
PressTUR: Que medidas de melhoria sugeriram recentemente?
David Quito: Há muitas, mas são mais de nível operacional. Filas de check-in, balcões de check-in, portas de embarque. Passa mais por reportar questionários que fazemos aos passageiros de situações de stresse que tiveram no aeroporto. Por vezes a ANA acolhe, outras vezes não depende deles, depende de outro parceiro, como por exemplo o SEF, a Groundforce ou outros parceiros. É um trabalho que implica muitas sinergias. Uma coisa muito importante para nós e que nos tem ajudado durante estes dez anos: todos os parceiros, seja a ANA, a Groundforce, o SEF, têm em alta consideração a Emirates e os passageiros da Emirates. Todos valorizam a nossa presença em Portugal e os nossos passageiros. É algo que, na predisposição deles para resolver problemas, nos ajuda bastante.
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