A ideia de que as reservas online iriam dominar intensificou-se com a pandemia, mas na Emirates o cenário é outro: “continuamos a ter em Portugal 70% das nossas vendas feitas nos agentes de viagens e nos operadores turísticos”, afirmou David Quito, director da companhia, em entrevista ao PressTUR.
PressTUR: Como tem evoluído o vosso trabalho com a operação turística e com as companhias de cruzeiros?
David Quito: A parte dos cruzeiros é mais uma faceta do Dubai. Para além das viagens de lazer, de compras e de empresas, há mais uma variante no Dubai que nós podemos oferecer que são os cruzeiros. A MSC Cruzeiros tem agora uma nova categoria de navio a operar no Dubai. Eles têm vários bloqueios de lugares connosco e é algo que funciona muito bem. Para quem gosta de fazer cruzeiros e está habituado a fazer no Mediterrâneo ou nas Caraíbas, o Dubai e a Península Arábica são alternativas exóticas.
PressTUR: Quanto é que representa para o vosso negócio em Portugal?
David Quito: Têm bloqueios todas as semanas connosco, mas é difícil contabilizar isso, porque a MSC tem bloqueios com a Emirates em toda a Europa, não apenas em Portugal. É um negócio global entre a Emirates e MSC.
PressTUR: E a operação turística?
David Quito: Nós temos destinos que, desde sempre, foram destinos de eleição de turismo, como as Maldivas, Maurícias, Seychelles, Tailândia e Bali. E desde os primeiros tempos que os operadores viram na Emirates um parceiro de eleição, porque viemos encurtar o tempo de ligação e oferecer um bom produto e oferecer outra classe de viagem, a Executiva, para os passageiros que procuram este tipo de serviço mesmo viajando em lazer. Sempre trabalhámos com os operadores turísticos para os apoiar, dinamizar, descobrir outros destinos. Acho que, com a Emirates, os operadores em Portugal sentiram-se mais confiantes para apostar noutros destinos. Antigamente havia muito charters para Cabo Verde, Brasil e Caraíbas. Para chegar a destinos como as Maldivas, as Maurícias, Bali e outros, antes de haver voos da Emirates, fazia-se duas escalas ou demorava-se muito tempo. A Emirates, pelo tipo de serviço e de produto que trouxe para estes destinos de lazer, veio trazer a possibilidade aos operadores turísticos de diversificarem a sua oferta turística.

PressTUR: Como tem corrido o trabalho com os operadores?
David Quito: Corre sempre muito bem, trabalhamos com todos sem excepção. Há operadores que nos usam e que têm o nosso apoio para o Índico, há outros mais focados na Ásia, temos as viagens mais tailor-made, temos as viagens mais com uma componente histórica.
PressTUR: Qual é o peso da operação turística no negócio da Emirates em Portugal?
David Quito: Anda por volta dos 15%.
PressTUR: E os restantes 85% a que correspondem?
David Quito: O resto está muito diversificado, há muitos segmentos. Há lazer, corporate, agências de rua que têm operação. Os nossos números traduzem o operador turístico puro, mas nós sabemos que há agências de viagens que fazem operação.
PressTUR: Qual é a percentagem de venda directa e venda da distribuição?
David Quito: Os agentes de viagens continuam a ser a grande componente. Eu diria que é a maioria, 70%. A maioria continua a ser através do canal agentes de viagens e operadores turísticos. Os outros 30% são directos, no call center ou no site.
PressTUR: Qual é a perspectiva de evolução destas percentagens de venda directa e de distribuição?
David Quito: Não há uma perspectiva. São canais que se complementam. Não é que um vá canibalizar o outro. Passámos uma pandemia, falava-se que ia passar tudo para o online e no entanto continuamos a ter em Portugal 70% das nossas vendas feitas nos agentes de viagens e nos operadores turísticos. Acho que as pessoas são todas muito diferentes, é tudo muito subjectivo. Há pessoas que preferem um contacto mais pessoal, ter consultores que recomendam e nós oferecemos um tipo de viagem que implica isso. São viagens longas. As pessoas fazem muitos circuitos, acabam por visitar vários países. Este tipo de viagens muitas vezes precisa de apoio de agentes de viagens. Há outras pessoas que procuram o nosso site para reservar. Acho que os dois se complementam.
PressTUR: Este peso superior da venda através de agências de viagens e operadores turísticos permite identificar um padrão do tipo de viagem que fazem os passageiros da Emirates?
David Quito: Sem dúvida. Claro. E foi assim desde sempre no nosso país. Claro que há outros mercados que podem fazer mais reservas online e menos nos agentes. Mas isso tem que ver com padrões de compra e padrões de viagem. Tem muito que ver com o que o cliente valoriza. Os latinos valorizam o contacto pessoal, o apoio ou até ter um guia que fale o mesmo idioma, enquanto, se calhar, um irlandês ou um nórdico reserva tudo sozinho.
PressTUR: Como estão os acordos com o Amadeus e a Travelport?
David Quito: Está tudo a funcionar. Temos acordos com todos e vamos continuar a trabalhar com todos.
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