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“Não somos um hotel de luva branca” – Oriol Juvé de Yebra, diretor do Six Senses Douro Valley

O novo diretor-geral do Six Senses Douro Valley, Oriol Juvé de Yebra, revelou em entrevista ao PressTUR os seus planos para consolidar ainda mais o posicionamento de um espaço que é já sinónimo de luxo, mas de forma sustentável.

O hotel, que arrecadou o prémio de melhor Spa da Europa, no World Spa & Wellness Awards 2024, quer agora ganhar a estrela Michelin Verde, apostando forte numa oferta orientada para os produtos locais produzidos na inspiradora e verdejante paisagem do Douro. E para isso já está a investir em novas infra-estruturas para expandir ainda mais a componente gastronómica.

A estratégia do primeiro Six Senses da Europa foi avançada ao PressTUR pelo novo diretor do hotel, o espanhol Oriol Juvé de Yebra, que acabou de chegar de Ibiza, onde liderou a unidade desta exclusiva marca nos anos mas recentes.

PressTUR: O Six Senses Douro Valley é um dos hotéis mais caros e selectos de Portugal. O que está previsto este ano para consolidar este posicionamento de topo?

Oriol Juvé de Yebra: Eu não diria mais caro… Estamos no ultra-luxo e, portanto, economicamente, há muita coisa que incluímos no ‘pacote’… É um estilo de vida, literalmente. Antigamente, um 5-estrelas oferecia uma boa cama, um bom duche, um bom serviço, tudo muito estandardizado. Hoje em dia o cliente é diferente e isso já não chega. É preciso dar muito mais.

No futuro, com toda esta componente de robótica, da Inteligência Artificial, acredito que tudo o que for 4-estrelas para baixo vai-se robotizar. Iremos deixar de ter recepções, tudo isso será robotizado porque, no final, o grande custo de um hotel assenta nos empregados, que representam entre 30% a 35% da facturação.

Mas os 5-estrelas vão manter e até desenvolver este serviço personalizado. É aí que vamos poder dizer que há um custo associado porque temos um serviço que é muito personalizado, temos uma série de experiências muito personalizadas. Aqui, no Six Senses, levamos essa aposta ainda mais longe. Um exemplo? Conseguimos ter um hotel com 71 quartos aberto todo o ano e mesmo na temporada baixa asseguramos que os nossos três restaurantes fiquem abertos, algo que nenhum hotel normal, em baixa temporada faz, pois habitualmente mantém-se apenas um.

PressTUR: E o que vão fazer para manter os bons resultados dos anos anteriores?

Oriol Juvé de Yebra: Temos de abrir mais os mercados internacionais. Agora estamos muito focados no mercado americano e no futuro queremos puxar muito mais pelos mercados asiático e do centro da Europa, além de oferecer experiências cada vez mais diferenciadoras. E acho que todas as grandes empresas estão a seguir o Six Senses, pelo que temos de ser cada vez mais inovadores.

Foto: Six Senses Douro Valley

PressTUR: Qual o intervalo de valores das diárias consoante as épocas?

Oriol Juvé de Yebra: Na temporada baixa, a média diária anda à volta dos 900 euros e na temporada alta pode subir aos 1.600, 1.700 euros… Para o mercado português temos a tarifa residente, que é a partir dos 690 euros agora em 2025 (só vigora na época baixa). O valor mais caro (um T2 com jardim e piscina privada) é de 7.500 euros (todo o ano).

PressTUR: Em 2024, qual foi o vosso Top3 em termos de nacionalidades?

Oriol Juvé de Yebra: Cerca de 61% dos nossos clientes foram americanos, 7% brasileiros, 7% portugueses e logo a seguir os britânicos, com uma curta diferença.

PressTUR: Já consolidaram o mercado americano. Como estão os outros que pretendem captar?

Oriol Juvé de Yebra: O asiático ainda falta muito, é um mercado que tem muito potencial porque gosta cada vez mais de sítios realmente autênticos. Mas faço um parêntesis: lamentavelmente, vejo a Europa a ficar muito atrás a nível tecnológico e nesse aspecto vamos ter duas superpotências: os EUA e a Ásia. Mas sim, os mercados asiáticos gostam muito de toda a História que temos cá e que preservámos. No nosso caso, o Six Senses, somos uma empresa muito associada a tudo o que é Ásia, temos essa ligação muito forte, e a esses dois componentes tão fortes que valorizamos – o wellness e a sustentabilidade. Portanto, é um mercado ainda muito pequeno para nós, mas vejo um grande potencial porque tem um poder económico forte.

PressTUR: Como se posiciona o Six Senses português, aqui do Douro, dentro do grupo hoteleiro?

Oriol Juvé de Yebra: O posicionamento é fácil para nós porque o Six Senses no Douro foi o primeiro a abrir na Europa. Então foi uma grande novidade, um hotel que tem funcionado muito bem e, ano após ano, temos conseguido atingir os objetivos. E até acabou por impulsionar tudo o resto. Agora estamos a ver grandes hotéis ou grandes cadeias a pensar em abrir também no Douro.

PressTUR: Mas dentro do grupo, entre as 25 unidades da marca, como se posiciona o Six Senses Douro Valley, em termos de resultados?

Oriol Juvé de Yebra: Entre nós, não partilhamos os resultados. Cada um dos Six Senses, mesmo que gerido pela Six Senses, tem um proprietário diferente, em geral. Cada unidade define os seus objectivos. O que posso dizer é que nos últimos nove anos conseguimos sempre atingir os resultados definidos. A comparação pode fazer-se a nível da qualidade do hotel e aí, nós sempre estivemos entre os cinco melhores da Six Senses a nível mundial. Sempre fomos uma referência e posso dizer que muita gente vem cá para experimentar o que realmente é o Six Senses.

PressTUR: Quantas pessoas aqui trabalham nas épocas alta e baixa?

Oriol Juvé de Yebra: Fixos temos entre 205 e 210 anuais. Na época alta podemos subir até entre 230 e 235.

PressTUR: Em 2024, qual foi o mercado que teve a maior queda e qual o que teve a maior subida?

Oriol Juvé de Yebra: A maior queda foi o brasileiro. Por causa da desvalorização do real e estamos a notar uma queda importante. É o nosso segundo  maior mercado. Foi duro, mas percebemos porquê. A maior subida foi dos EUA. Nós investimos muito dinheiro para ir aos EUA, costa Oeste e Este, Canadá… Este ano vai continuar muito bom.

No futuro, a Ásia, a Austrália… Agora saiu um ‘report’ muito interessante que diz que os australianos são dos que fazem mais estadias longas e que pagam mais dinheiro. Mas é um mercado que é mais difícil de ativar.

PressTUR: E como é que estão as vossas reservas para esta época? Já há alguma tendência a definir-se?

Oriol Juvé de Yebra: O que estamos a reparar é que estamos bem… Não vai ser um ano extraordinário, mas está a correr bem para nós e para a região. Tínhamos um bocadinho de medo do mercado americano, não sabíamos o que a componente política nos poderia trazer, mas constatamos que o mercado está mais ativo do que nunca.

PressTUR: A eleição de Trump não alterou nada então?

Oriol Juvé de Yebra: Não alterou nada, pelo menos por enquanto, os americanos continuam muito entusiasmados em continuar a viajar. Uma tendência são as reservas ‘last minute’. O mercado já não está como há dois anos em que reservava com seis meses de antecedência, agora é mais ‘last minute’.. Quando analisamos as métricas vemos que 50% a 60% das reservas são feitas 30 a 60 dias antes da chegada. Para um gestor como eu é mais stressante este registo… Mas por outro lado também nos permite fazer uma melhor gestão dos preços.

Foto: Six Senses Douro Valley

PressTUR: Quais os meses com mais procura?

Oriol Juvé de Yebra: Maio e Junho, Setembro e Outubro. São os nossos melhores meses. Agosto nem tanto.

PressTUR: Que novidades irão acontecer este ano?

Oriol Juvé de Yebra: Este ano vamos ter várias novidades. Estamos a fazer inauguração do bar da piscina. É um bar que vai também ter um restaurante durante a noite, com cozinheiros do Douro e com menu português (para além dos três que já temos); vamos ter ainda o Green House, que será um restaurante para eventos pequenos, entre 10 a 30 ou 40 pessoas, em que vamos cozinhar com produtos da horta que está mesmo em frente. O objetivo é conseguir a estrela Michelin Green, que distingue restaurantes que se focalizam muito em produtos locais, da horta, é a cozinha do momento e esse restaurante vai entrar nesta dinâmica. As estrelas Michelin estão a ter muita dinâmica em Portugal e esperamos também conseguir uma por essa via…

PressTUR: Se tivesse de transmitir, numa só frase, a essência do Six Senses, o que diria?

Oriol Juvé de Yebra: Diria que é um conceito holístico, hoje em dia utiliza-se muito esta palavra, mas aqui é mesmo em todos os sentidos, visto que holístico aqui tem esta conotação de espiritualidade, de sustentabilidade, de conexão com as pessoas e acho que é um dos conceitos que mais nos define porque são os nossos dois pilares – sustentabilidade e ‘wellness’. Mas elevamos o ‘wellness’ a outro patamar… A ligação entre os nossos colaboradores e os nossos clientes é muito forte, não somos um hotel de luva branca, ao contrário, queremos que haja uma ligação entre todos nós e os nossos clientes e acho que isso é que faz com que tenhamos um conceito tão verdadeiro e tão autêntico.

Ver também: Six Senses Douro Valley: a sustentabilidade que vai além dos painéis solares

O PressTUR viajou a convite do Six Senses Douro Valley

Para aceder ao site do hotel clique aqui.

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