Fazer um safari é o sonho de muita gente. Fazê-lo em Madikwe, na África do Sul, é viver esse sonho iluminado pelo Sol nascente na savana, onde um leão afugenta chacais da sua presa, elefantes tomam banhos de lama e tanto mais acontece, tão perto e tão selvagem.
Estamos no Noroeste, uma das nove províncias da África do Sul, na fronteira com o Botswana. A reserva Madikwe, a quinta maior do país, é-nos apresentada como uma jóia escondida.
Garantem-nos que podemos ver leões, leopardos, elefantes, rinocerontes e búfalos, os famosos Big Five. Foi assim que ficaram conhecidos pelos caçadores, devido ao perigo que representam. Dizem-nos que também há mabecos, o cão-selvagem-africano, ameaçado de extinção.
A nossa sorte mostrou-nos muita vida selvagem, mas não chegou para todas as espécies, ou não estivéssemos numa reserva com 750 quilómetros quadrados, mais do dobro da dimensão de Malta, onde existem 66 espécies de grandes mamíferos e 300 espécies de aves. Mais do que sorte, faltou-nos tempo.
O Billy foi o primeiro faroleiro da nossa sorte. Ao volante do jipe descapotável, com um lugar ao seu lado e três filas de bancos atrás de si, começamos a viagem em direcção ao Sol baixo, que em cerca de uma hora e meia desaparecerá no horizonte.
A estrada é de terra vermelho-escura, a vegetação em redor é baixa, apenas arbustos e algumas árvores, muitas delas simples troncos retorcidos, totalmente despidos. Aqui e ali, montanhas altas fecham o horizonte.
Os primeiros animais que vemos são impalas, fêmeas delicadas, sempre alerta ou em fuga. O Billy aproxima-se delas e desliga o jipe para podermos observar. Avançamos de novo e o Billy volta a desligar o carro para vermos e fotografarmos cudos, um magnífico antílope de grande porte.
Mais à frente, numa clareira, encontramos uma girafa a descer o seu pescoço das alturas para beber água. E depois dela um par de rinocerontes brancos, dois machos jovens a caminhar em direcção aos arbustos, para longe da manada de gnus que tivemos que contornar para nos aproximar.
Entramos numa estrada mais estreita e, em menos de nada, estamos junto a uma manada de elefantes. Uns a caminhar, outros a comer, a arrastar os ramos secos, a atravessar a estrada, a levantar poeira a cada passada. E nós ali, parados, a apreciar a sua grandiosidade. No jipe, ouve-se apenas o clique das máquinas fotográficas. Lá fora, os passos dos gigantes, o restolhar das folhas secas.
Mais tarde, paramos numa clareira para esticar as pernas. Saímos em plena reserva, sem qualquer vedação, e o Billy converte a grelha frontal do jipe numa mesa onde serve vinho, gin tónico, sumo, carne seca, milho frito e outros petiscos que poucos imaginam degustar num cenário tão selvagem como aquele.
De repente, o Billy pede silêncio. Está um búfalo ali perto. Diz-nos que é o mais perigoso dos Big Five, por ser imprevisível e não avisar antes de atacar. Felizmente segue caminho para longe de nós. Logo de seguida, vejo um elefante ao longe e tento avisar, mas antes de acabar a frase já está o Billy a perguntar se o elefante está virado para nós. Estava, sim, e então iniciamos os preparativos para zarpar. E seguimos caminho, mesmo com o elefante a seguir noutra direcção.
A noite cai e o frio instala-se. Antes de manga curta e agora de camisola grossa, enrolado numa manta e mesmo assim gelado, aprecio o caminho iluminado pelos faróis do jipe e pela lanterna que o Billy tem na mão direita. O raio de luz percorre o chão, os arbustos e os ramos das árvores, dos dois lados da estrada, em busca do brilho dos olhos de um leopardo, mas nada.
A lua está forte, em quarto crescente, e mesmo assim, acompanha-nos um céu recheado de estrelas brilhantes. Até nas zonas onde as luzes do jipe e da lanterna não iluminam, é possível ver.
Entramos numa estrada mais estreita, avançamos apertados entre os arbustos, e, de repente, aparece-nos à frente uma girafa, um grande macho. O Billy encosta a um lado da estrada e desliga o jipe e as luzes. Sem conseguir fotografar, fico quieto a observar a elegância da girafa a passar ao nosso lado, a escutar o som dos seus passos, as folhas secas a estalar. Um momento inesquecível, o primeiro.
Continua: Parte 2
O PressTUR viajou a convite do Turismo da África do Sul
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