O XIX Congresso da Associação de Directores de Hotéis de Portugal, a decorrer em Albufeira, contou com um painel dedicado ao tema do certame, “Gestão na Incerteza”, que acabou por realçar a importância fundamental das equipas de trabalho.
O painel “Gestão na Incerteza” teve moderação de João Simões, CEO da Sogenave, e a participação de Alexandre Solleiro, CEO da Highgate Portugal, Carlos Alves, director regional de operações da Vila Galé, e Hélder Martins, presidente da AHETA.
O CEO da Sogenave deu início ao painel “Gestão na Incerteza” afirmando que as perspectivas para este ano de 2023 são boas, mas relembra que há problemas que têm de estar sob a atenção do sector, como a guerra na Ucrânia, a inflação, as elevadas taxas de juro e a redução do poder de compra.
Os três oradores tiveram oportunidade de partilhar ideias e experiências passadas, como o caso de Alexandre Solleiro que, além de ter passado a pandemia no Brasil, viveu de perto a situação do atentado terrorista em Luxor. Para o CEO da Highgate Portugal, equipas com melhor ambiente de trabalho lidam muito melhor com situações de contingência.
Para Solleiro, é importante que os hotéis tenham três pontos fulcrais: um plano de contingência, capital reforçado na empresa para aguentar momentos mais complicados, e uma boa gestão de equipa.
Para o CEO da Highgate Portugal há quatro factores não hierarquizáveis para promover uma boa gestão de equipa: criar um “bom ambiente de trabalho”, oferecer as “condições de trabalho” básicas para o exercício da função, seja a nível de infra-estrutura ou de aparelhos, o “package salarial”, e a possibilidade de “progressão na carreira”. Sendo que neste último ponto o empresário destaca que esta progressão pode ser vertical ou horizontal, o que neste último caso permite que os funcionários tenham uma visão mais abrangente do sector.
Em relação ao problema da mão-de-obra em Portugal e à solução de trazer trabalhadores do estrangeiro, Alexandre Solleiro afirmou que há duas formas de lidar com a diversidade cultural, encará-la como um problema, ou como um probleminha que se pode resolver, explicando que as pessoas, oriundas de diferentes partes do mundo, se forem bem acolhidas, acabam por ter uma atitude positiva. O empresário vai mais longe e diz que o problema está em nós (portugueses) e não neles, e que para mitigar os pontos negativos desta solução, o trabalho deve ser feito por nós no sentido de receber bem os funcionários estrangeiros e as suas famílias.
O director regional do Grupo Vila Galé, por sua vez, falou sobre a transição digital que, no caso da Vila Galé, foi acelerada pela situação da pandemia. Para o director, a inovação tecnológica deve servir as equipas de trabalho e ser aplicada a tarefas repetitivas e recorrentes, libertando a equipa para estar em contacto com os clientes e ajudar a criar experiências memoráveis.
No que concerne ao aumento dos preços e à consequente expectativa de um melhor serviço por parte dos clientes, a solução passa por não criar falsas expectativas e promover o produto de uma forma transparente.
O director regional da Vila Galé lançou ainda a sugestão do aproveitamento de património devoluto para a criação de alojamento para as equipas de mão-de-obra que trabalham fora da sua zona de residência.
O presidente da AHETA, na sua intervenção, partilhou um estudo efectuado pela Universidade do Algarve sobre “O Capital Humano na Hotelaria e Empreendimentos Turísticos do Algarve”, desde 2015 até aos dias de hoje. Este estudo indica que o salário médio está a subir e que há cada vez pessoas mais novas a trabalhar no sector, bem como pessoas com formação superior, e com menos de três anos na empresa empregadora.
Em relação à mão-de-obra e ao alojamento da mesma, afirmou que “é muito difícil, no Algarve, conseguir casas a preços decentes”, e que a sugestão para a criação de um subsídio de alojamento para os funcionários não foi para a frente porque as empresas pretendiam que a tributação funcionasse à semelhança do que acontece com os subsídios de alimentação.
Em linha com as palavras de Solleiro, Hélder Martins afirmou que “só devemos trazer trabalhadores se tivermos condições condignas para os receber”, ressalvado que “não estamos a dizer [que será] entre ir buscar ao estrangeiro e quem está cá”, existe espaço para quem cá está e o que não estiver ocupado tem de se ir buscar ao estrangeiro. O presidente da AHETA sublinhou ainda as dificuldades que são enfrentadas para obter vistos para trabalhar em Portugal.
“Não há hotelaria sem capital humano”, afirmou Hélder Martins, exemplificando que os processos como o check-in ou as reservas online não se comparam a “chegar a uma recepção e ser recebido com um sorriso”.
O PressTUR participa no Congresso a convite da ADHP
Ver também: