“A operação para Cabo Verde voltou a ser um sucesso” e a Tunísia “cresceu bastante” nas vendas da Solférias para este Verão, destacou a Chief Operating Officer do operador turístico, Sónia Regateiro, em entrevista ao PressTUR.
Pela negativa, a responsável do operador turístico destacou os desempenhos das operações de Zanzibar e Saïdia.
PressTUR: Quais foram as operações em que a Solférias teve mais dificuldade este Verão?
Sónia Regateiro: As operações que sentimos menos boas foram as de Zanzibar, porque este ano contámos com uma concorrência desmedida de um voo Madrid – Zanzibar, com preços muito abaixo dos praticados aqui, e com ofertas de ligação de Lisboa, do Porto, etc. Sentimos que este voo de Madrid não impactou muito a região de Lisboa, mas a região Norte sim. Para os passageiros da região Norte, ir a Lisboa ou ir a Madrid dá um bocadinho igual. E tendo melhores preços à partida de Madrid, notou-se uma quebra grande na região Norte na procura da nossa operação. Outra operação em que também sentimos alguma quebra e algum resultado menos positivo foi Saïdia, para onde tivemos dois voos do Porto e um de Lisboa. Saïdia caiu bastante, não sei se por falta de procura mas, pronto, é um produto barato, e também teve muito excesso de oferta no mercado. Enquanto tivermos dois players gigantes, espanhóis, quase em guerra aberta no mercado português, não é fácil.
PressTUR: A oferta da Solférias para Saïdia este ano foi igual ou superior ao Verão passado?
Sónia Regateiro: Tivemos mais um voo do Porto. Saïdia é um produto que é barato, é muito procurado pelo preço e pela proximidade, mais para famílias, porque está a uma hora de distância de voo. No início da operação, em Junho e até meados de Julho, muitas vezes havia preços para as Caraíbas quase na ordem dos valores para Saïdia. Com a guerra de preços e com essas baixas e essas ofertas loucas, achamos que o destino se ressentiu um pouco.
PressTUR: Mas Saïdia também teve problemas de serviço…
Sónia Regateiro: Há dois anos, sim, houve um problema com uma intoxicação alimentar. Este ano não foi em Saïdia, mas em Al Hoceima, para onde não tivemos operação, mas que acabou por afectar o destino no seu todo. Ou seja, Zanzibar e Saïdia foram as duas operações menos boas.
PressTUR: Quais foram as operações que correram melhor para a Solférias este Verão?
Sónia Regateiro: Pela positiva destacou-se Cabo Verde, onde contámos com mais um voo extra Lisboa – Sal este ano. A operação da Solférias para Cabo Verde voltou a ser um sucesso, não para de crescer. O Senegal ficou em linha com o ano passado, porque a operação foi exactamente igual a nível de capacidade de lugares. Tivemos um voo de Lisboa e um do Porto e atingimos o que fizemos no ano passado, por isso, foi mais um resultado positivo. Na Tunísia crescemos bastante, porque conseguimos um reforço para Djerba com a TAP, o que nos levou a vender mais cerca de 1.500 passageiros em relação ao ano passado. A Tunísia teve um destaque muito positivo. O Egipto arrancou um bocadinho tremido por causa da situação da guerra na faixa de Gaza, mas o mercado percebeu que Hurghada fica a uma longa distância dos conflitos e que não havia qualquer motivo de insegurança para evitar as viagens para este destino. No final a operação para o Egipto, quer de Lisboa quer do Porto, também foi muito positiva. No ano passado só tivemos o voo do Porto e este ano também conseguimos ter um voo de Lisboa. Ou seja, conseguimos mais 2 mil passageiros para o Egipto em relação ao ano passado.
PressTUR: Como correu Porto Santo?
Sónia Regateiro: Para Porto Santo tivemos algumas dificuldades a nível de gestão de operação, porque estávamos muito habituados a voar de Lisboa e do Porto à segunda-feira. Este ano, por limitação de slots no Aeroporto de Lisboa, fomos obrigados a manter o charter à partida do Porto ao Domingo e fomos buscar lugares com a TAP em firme, que era a capacidade que tínhamos no charter, à segunda-feira. Isto provocou uma descompensação de noites, a nível da hotelaria. Foi difícil ajustar esta sobreposição de clientes de Lisboa e Porto durante uma noite, com as dificuldades de hotelaria que há em Porto Santo. Não foi fácil, mas no entanto, a esta data, também superámos os números de passageiros do ano passado, o que é muito positivo.
PressTUR: Teve dificuldades operacionais no Porto Santo por causa da falta de capacidade hoteleira?
Sónia Regateiro: Sim e por causa da sobreposição dos voos. Se eu tenho passageiros a ir ao Domingo e à segunda-feira, tenho sempre uma noite em que junto lá os passageiros todos. E isso cria-nos dificuldades a nível de gestão operacional de quartos.
PressTUR: No ano passado houve problemas de serviço nos hotéis em Porto Santo. E este ano?
Sónia Regateiro: Sim, no ano passado sentiu-se. Este ano, pelo contrário, não temos tido nenhumas reclamações em termos de serviço. Acho que os hotéis em Porto Santo fizeram um esforço muito grande para retomar a qualidade e o serviço a que habituaram os portugueses ao longo de muitos anos. O Porto Santo é efectivamente um destino fantástico e fica muito perto, o que é ideal para a famílias. Continua a ser um destino muito querido dos portugueses. E mesmo com estas dificuldades todas de gestão de quartos, tivemos uma colaboração excelente por parte dos hoteleiros, que nos ajudaram a encaixar as peças do puzzle da melhor maneira. E o que é certo é que a esta altura também estamos com números de passageiros acima do ano passado para o Porto Santo, o que é um resultado extremamente positivo.
PressTUR: Como correu a Disneyland Paris este Verão? No ano passado tinha corrido muito bem.
Sónia Regateiro: A Disneyland Paris este ano não está a correr tão bem como no ano passado porque temos aqui o factor Jogos Olímpicos. Tivemos um mês em que praticamente não se conseguia vender Disney. E acrescenta-se a isso as dificuldades das greves anunciadas e tudo mais ali à volta dos Jogos Olímpicos. Foi um mês dramático para nós, foi um ano muito difícil para a Disneyland Paris. Mas acreditamos que o impacto positivo dos Jogos Olímpicos nas cidades acontece muito nos anos seguintes. Acreditamos que nos próximos anos podemos potenciar este impacto dos Jogos Olímpicos não só na cidade de Paris, mas também na visita à Disneyland.
PressTUR: E o Brasil?
Sónia Regateiro: O Brasil no Verão nunca tem uma grande expressão. O Brasil aparece-nos aqui em 13º lugar nas vendas da Solférias. Está positivo, está acima do que fizemos no ano passado. Tem havido mais procura para o Brasil, mas o Brasil no Verão não tem grande expressão face aos preços praticados pelas Caraíbas. O Brasil compete, em termos de distância, muito com as Caraíbas. E quando tens a oferta que tivemos para a República Dominicana, México e Cuba, é muito difícil o Brasil conseguir entrar com força no mercado português. Ou seja, vai para o Brasil mesmo quem quer ir para o Brasil. O Brasil terá, isso sim, um grande impacto no nosso Inverno e na passagem de ano.
PressTUR: Qual o Top de destinos mais vendidos pela Solférias este Verão?
Sónia Regateiro: Por número de passageiros mantemos Cabo Verde em primeiro lugar, a Disneyland Paris em segundo e o Senegal em terceiro. Seguiram-se Tunísia, Egipto, Porto Santo, Marrocos e Zanzibar.
PressTUR: E por volume de facturação?
Sónia Regateiro: Cabo Verde sempre em número um na Solférias. Em número dois está o Senegal, que passa largamente a Disneyland Paris. A Tunísia em terceiro, a Disneyland em quarto e o Egipto em quinto. Seguiram-se Porto Santo, Zanzibar e Marrocos.
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