Qual é o restaurante que tem um carro de luxo para ir buscar os clientes VIP, WCs forrados a papel de assinatura Versace e exibe, entre as suas peças decorativas, relógios e garrafas de vinho de produção única no valor de milhares de euros, em vitrines invioláveis? Pois… Apenas um e sem concorrência, o Authentic, restaurante convenientemente localizado entre o Vale do Lobo e a Quinta do Lago, em Almancil. Já está no radar dos endinheirados residentes do Triângulo Dourado e por estes dias prepara-se para o aumento do fluxo de pessoas que acorre à região em desfrute das festas natalícias.
E se é certo que a experiência sensorial da opulência pesa no sucesso de qualquer espaço, aqui o verdadeiro luxo é mesmo a comida. Miguel e Victoria Sequeira, os proprietários, confiaram a condução gastronómica do Authentic à mestria de Ricardo Luz, Chef Cozinheiro do Ano (em 2019), embaixador da pesca sustentável pela Marine Stewardship Council, organização internacional que visa proteger os oceanos, e ex sub-chef do restaurante Bon Bon onde ajudou a alcançar uma estrela Michelin.
Para o chef, que começou aos 15 anos no igualmente luxuoso Tavares Rico, em Lisboa, e que ao longo das últimas duas décadas trabalhou em restaurantes estrelas Michelin como o do Avillez e o já citado Bon Bon, este desafio não poderia ter acontecido em melhor altura. “Nunca tive pressa de ser chef. Já tinha recebido vários convites no passado, mas sentia-me bem com o que fazia e a acompanhar os melhores do país. Agora sim, estava na hora de dar o salto”, conta Ricardo Luz.
O proprietário dá-lhe carta branca e tem apenas uma exigência – “que seja tudo do melhor”.
“Cabe-me agora a mim fazer jus a toda esta grandeza espacial criada pelo sr. Miguel. E na verdade, tal se consegue com coisas simples, sem truques. O pescado e o marisco, por exemplo, é o que sai da lota. Procuramos definir o nosso menu consoante o que há. Claro que há peixes como o atum que são constantes o ano inteiro”, explica ainda o responsável. O mesmo em relação às carnes e restantes produtos usados na cozinha imaculada, à vista dos clientes, em jeito televisivo, mas ordeira e sem caos. “Cerca de 92% dos nossos produtos são nacionais. A excepção são coisas muito específicas e que de facto não há cá como o ‘foie-gras’ ou as trufas”.
Entre os pratos mais caros da casa contam-se, por exemplo, nas entradas, o “caviar beluga servido com crème fraîche e cebolinho” (280€), no prato principal o “lavagante azul da costa algarvia” (185€) e o “crepe Suzette refrescado com laranjas algarvias” (48€) nas sobremesas. Mas não faltam outras opções como a “sopa de santola” (24€), o “arroz de peixe tradicional com gamba da costa algarvia” (39€) ou o “carré de cordeiro português premium” (55€), entre as várias alternativas do cardápio.
Provámos de entrada o “bife tártaro servido com brioche dourado, cebolinhas em pickle e alho negro” (24€), inesperado e delicioso, a que se seguiu o “beef Welligton” acompanhado de puré de batata trufado (135€, para partilhar), irrepreensível e que por certo arrancaria um ‘well done’ do temperamental Gordon Ramsay que popularizou mediaticamente este prato. Para sobremesa deliciam-nos com uma reinvenção do tiramisu em formato de lingote de ouro, com gelado de amaretto (24€), um doce requinte a condizer com o ambiente sofisticado. Quanto à carta dos vinhos pode-se dizer, no mínimo, que é generosa – tem mais de 300 referências entre vinhos portugueses e estrangeiros. Uma experiência gustativa memorável pontuada em alta com músicas intemporais tocadas ao vivo por um pianista inspirado.
Para este Natal e a Passagem de Ano já foram criados menus especiais para a ocasião. O chef quis aliar o requinte da cozinha contemporânea à tradição portuguesa e incluiu para os menus dos dias 25 e 26 (está encerrado no dia 24) “ravioli de Lavagante”, “lombo de bacalhau com puré de grão e couves portuguesas” e “perú assado com puré Trufado, arroz de frutos secos e legumes assados” para além das entradas e uma seleção de sobremesas (a 220€ por pessoa).
No Ano Novo, o preço do menu sobe para 290€ por pessoa e entre o vasto cardápio incluem-se o “caviar Oscietra”, “lavagante Fresco com puré de couve-flor”, “pregado com molho de champanhe” ou o “lombo de novilho com puré de pastinaca”.
O restaurante com capacidade para cerca de 45 pessoas, tem ainda uma sala mais exclusiva para grupos e que pode acolher até 16 pessoas. No verão, a esplanada que está assente num lago, com carpas e patos, permite conquistar mais lugares. Aberto há pouco mais de um ano, o Authentic tem cerca de 30% de clientes portugueses e 70% de estrangeiros, com destaque para os americanos, britânicos e holandeses.
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