Farmacêutica de formação, Marta Guevara trocou as voltas ao destino, deixou a cidade e abriu um novo capítulo no Sul do país onde a vida corre mais de mansinho e onde lhe dá gosto ver crescer o filho. Hoje, o “Conversas de Alpendre” é já um espaço de referência em turismo rural na região algarvia.
PressTUR: A Marta era farmacêutica, uma citadina da capital que, de repente, mudou drasticamente de vida e rumou a Sul… Quer partilhar?
Marta Guevara: Sim… Tudo começou quando andávamos à procura de um espaço que pudesse ser uma casa grande para receber a família e os amigos. Somos, felizmente, uma grande família e desde miúda que estou habituada a ter a casa cheia. E, portanto, era um desejo ter um local para receber, não só a família e os amigos, mas também abrir as portas deste projeto a um Turismo Rural, um sonho dos meus pais para quando se reformassem. Quando engravidei surgiu a oportunidade e pensámos – porque não mudar agora, sair do stress da cidade e vir procurar algo que pudesse proporcionar uma qualidade de vida e uma mudança para um estilo muito diferente daquele que tínhamos na cidade?
PressTUR: Pensaram logo nesta zona ou andaram a pesquisar?
Marta Guevara: Andámos a pesquisar em vários sítios, mas quando encontrei este espaço apaixonei-me e até agora continuo apaixonada por este sítio… Acho que ainda tem muita coisa para explorar e eu sinto-me uma turista aqui… Na minha infância ia muito para a Praia da Luz, Odeceixe, e esta zona não conhecia. Quando comecei a explorar a zona, de facto encantou-me naquela altura de vida, e nesta altura em particular, tendo eu uma criança e viver numa zona tão bonita, com tanta Natureza por explorar, com um clima espectacular, a praia a 2 kms…
PressTUR: De génese era uma herdade com um pequeno espaço de turismo …
Marta Guevara: Sim, já existia a casa-mãe, mas não como está agora, foi evoluindo. No primeiro ano fizemos uma remodelação, apostámos no conforto, na pintura, vivemos a casa como ela era e depois, só no final do primeiro ano é que fechámos e fizemos a grande mudança do “Conversas”… Eu vinha da área da Farmácia, não sabia de gestão hoteleira e, por isso, estes anos todos tenho vindo a estudar Hotelaria. E depois sabia muito bem aquilo que eu queria, ao nível de certos pormenores que acho essenciais… Por exemplo, aqui o pequeno-almoço não tem hora e isso era um sonho de miúda (risos). Nós viajávamos muito com os meus pais e lembro-me de estar em hotéis e pôr o despertador para ir tomar o pequeno-almoço e depois voltava para a cama (risos)…Agora que tenho o meu filho Francisco, claro, que me faz sentido acordar cedo, os pais entendem perfeitamente que às 08h30 já devem estar prontos pelas crianças, mas há aquelas pessoas que querem descansar e, no “Conversas de Alpendre, cada um deve e fica ao seu ritmo. Foi isso que eu também procurei quando entrei nesta mudança de vida.
E, no entretanto, foram ampliando?
Marta Guevara: Sim, ao longo destes anos. O último espaço foi o “armazém” (era um antigo armazém hoje transformado num loft familiar de luxo com piscina privada), que foi construído durante a pandemia. A Casa da Árvore foi a primeira a ser construída no terreno e começou por ser uma brincadeira, era um espaço para o Francisco brincar, depois já era para os meus pais se acomodarem quando cá vinham, uma vez que o hotel estava sempre cheio… E depois surge este requinte todo que agora é um sonho tornado realidade de muitos adultos e muitas crianças. Os adultos dizem que é o seu sonho de criança, sentirem a envolvência da árvore, mas com todo o conforto. Na realidade aquilo foi pensado ao detalhe e demorou muito tempo a ser construído, cerca de um ano. Queríamos fazer tudo bem feito, mesmo que demorasse mais tempo.
PressTUR: Qual é o perfil-tipo dos vossos hóspedes?
Marta Guevara: O nosso hóspede é maioritariamente estrangeiro, embora sejamos visitados cada vez mais por portugueses. E do segmento médio-alto. Pessoas que procuram uma experiência diferenciadora, uma memória, um serviço personalizado. Temos muito contacto directo, contacto de proximidade.
PressTUR: Têm parcerias, organizam experiências?
Marta Guevara: Sim. Temos vários tipos… As salinas, o birdwatching, os passeios de barco na Ria Formosa, conhecer as ilhas, fazer piqueniques, observar os golfinhos… São memórias bonitas de um dia completamente diferente e em que a pessoa não tem que se preocupar com nada, nem com o próprio piquenique que é proporcionado pelo hotel. Todas as experiências que fui fazendo como turista, tudo o que eu gosto de fazer, eu dou a conhecer às pessoas. Não vou aconselhar uma experiência que não tenha já feito ou um restaurante que não tenha já ido.
PressTUR: E dentro do hotel que tipo de experiências é que disponibilizam?
Marta Guevara: Temos os jantares românticos, piqueniques, provas de vinho, massagens, bicicletas, o yoga, pilates, música ao vivo… Tudo isto acontece dentro do hotel. Os jantares temáticos, o de sushi, o italiano, a noite portuguesa, a brasileira… E toda a decoração acompanha, a música também… Tentamos que seja mesmo tudo diferente para aquela noite, como se estivéssemos a jantar em Itália ou no Brasil. Vamos promovendo sempre actividades no nosso dia-a-dia. Não queremos que seja um espaço apenas bonito, queremos que tenha vida.
PressTUR: Qual o Top 3 dos hóspedes em termos de nacionalidades?
Marta Guevara: Ingleses, americanos e holandeses.
PressTUR: E os portugueses?
Marta Guevara: Estarão em 4º ou 5º lugar e mais concentrados no Verão.
PressTUR: Por fim, como definiria o seu espaço?
O “Conversas de Alpendre” é amor. É assim que eu defino o meu espaço. Porque de facto envolvo-me muito, com muita dedicação, desde a decoração até receber o hóspede e levá-lo à saída. Deposito muito de mim no projeto. Gosto muito daquilo que faço e não encaro o “Conversas” como trabalho, encaro como uma paixão. Portanto, sim, sinto-me uma privilegiada no meu trabalho.
Ver também: “Conversas de Alpendre”: o turismo rural que quer criar memórias
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