O Grupo Newtour, que facturou 180 milhões de euros em 2024, está a investir na internacionalização dos seus negócios, “a única hipótese para continuar a crescer” num mercado ameaçado pela estagnação da capacidade aeroportuária em Lisboa e pela privatização da TAP, anunciou hoje Tiago Raiano, CEO do grupo.
Tiago Raiano prevê que a privatização da TAP, que é a transportadora mais relevante nos negócios das agências de viagens portuguesas, vai afastar “o centro de decisão” da companhia aérea para outra cidade europeia.
“A TAP é gerida por pessoas que se relacionam no dia-a-dia com a distribuição [agências de viagens] em Portugal, mas, quando for adquirida por uma empresa europeia, esse centro de decisão vai deixar de estar em Portugal”, afirmou o CEO do Grupo Newtour, em conferência de imprensa, hoje em Lisboa.
Neste cenário, para Tiago Raiano, a única forma das empresas portuguesas continuarem a ser relevantes para negociar com a TAP é aumentarem a dimensão dos seus negócios.
“O desvio do centro de decisão para novos directores e novas administrações na Europa, com outro perfil e com menor proximidade com o mercado português, vai ser um desafio para todos nós”, enfatizou o CEO do Grupo Newtour.
Outro motivo que leva a Newtour a investir na internacionalização é a estagnação da capacidade aeroportuária na região de Lisboa, que está a “estrangular” os negócios das agências de viagens e dos operadores turísticos em Portugal, quer no turismo receptivo quer no turismo emissor.
“O mercado nacional vai ter um estrangulamento nos próximos anos. Já está a acontecer e sentimos isso em várias realidades. Na operação turística, os constrangimentos apareceram há quatro anos e vão-se agravar”, sublinhou Tiago Raiano.
“Na perspectiva do grupo, para continuarmos a crescer, só há uma hipótese, que é crescer fora das nossas fronteiras”, frisou o CEO do Grupo Newtour.
“Se existirem oportunidades de negócio em Portugal estaremos atentos e activos, mas o nosso foco está na internacionalização, sem nos demitirmos dos interesses que temos no mercado português”, sublinhou Tiago Raiano.

Reorganização da estrutura
Para avançar com a internacionalização, o Grupo Newtour reorganizou a sua estrutura, tendo como principal novidade a integração de Gonçalo Palma na Comissão Executiva, juntando-se a Tiago Raiano, Carlos Baptista e Mário Almeida.
Gonçalo Palma vai liderar a área da operação turística, com as marcas EgoTravel e Soltrópico, e a área das DMCs (Destination Management Companies), com presença em cinco destinos sob a marca Menzel (Açores, Portugal Continental, Cabo Verde, Tunísia e São Tomé e Príncipe).
“O projecto Menzel é a construção de uma marca única, internacional, sob o chapéu do Grupo Newtour, que garantirá credibilidade nos mercados internacionais”, sublinhou Gonçalo Palma. A Menzel vai apostar em captar turistas no Brasil, Norte da Europa, EUA e Canadá, com presença comercial, em feiras e roadshows.
A área da aviação continuará a ser liderada por Mário Almeida, com as marcas Newtour Consolidator, Connect Services Cabo Verde e Newtour GSSA. Mário Almeida revelou que a empresa vai passar a representar companhias aéreas, cruzeiros e outras entidades em Portugal, estando actualmente “a finalizar um grande contrato que engloba aviação e cruzeiros”.
Carlos Baptista vai continuar à frente da distribuição, que é a área com maior peso no volume de negócios do grupo, com mais de 93 milhões de euros de facturação em 2024 (52% do volume de negócios do grupo), com as marcas Bestravel, GEA Portugal, GEA Brasil, TravelGEA, Newair e Turangra.
A área da operação turística representou 22% do volume de negócios do grupo Newtour no ano passado (cerca de 40 milhões de euros), enquanto as DMCs representaram 4% (cerca de 7 milhões de euros) e a aviação, 17% (cerca de 31 milhões de euros). Outros negócios, que incluem a animação turística, com a Picos de Aventura, representaram 5% do volume (cerca de 9 milhões de euros).
Além destas marcas, o Grupo Newtour detém ainda a Techtour, que “nasceu da necessidade de estabelecer parcerias para responder às evoluções tecnológicas”, designadamente a implementação do NDC (New Distribution Capability), que está a alterar a relação entre as companhias aéreas e as agências de viagens. Para saber mais sobre NDC clique aqui.
A Newtour, em parceria com a MS Aviation, foi um dos candidatos à compra da SATA Azores Airlines até o concurso ter sido cancelado pelo Governo dos Açores. O CEO da Newtour afirmou hoje que “o grupo mantém o interesse” e espera que “possam existir novidades nas próximas semanas”.
O Grupo Newtour foi fundado há 15 anos nos Açores, através da junção da Soltrópico e da Turangra, liderada por Miguel Fonseca. O grupo continua a ter várias sedes nos Açores e é lá que mantém os seus departamentos financeiro, de marketing, recursos humanos, tecnologia e aviação.
O volume de negócios do Grupo Newtour no ano passado alcançou os 180 milhões de euros, mais 21% que no ano anterior. Com a reorganização da Newtour com vista à internacionalização, a perspectiva de Tiago Raiano é “continuar a crescer na ordem dos 15% a 20%”.
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