A Vila Galé encara este ano com “um optimismo moderado”, com previsões de estabilização do mercado português e “margem para crescer” nos Estados Unidos, Brasil e Alemanha, revelaram hoje o administrador e o presidente do grupo, Gonçalo e Jorge Rebelo de Almeida, num almoço com jornalistas.
“O primeiro trimestre vai ser declaradamente melhor, porque compara com um primeiro trimestre ainda fraco em 2022, mas admito que possa haver algum impacto tardio da quebra do poder de compra, em particular no mercado português”, afirmou o administrador do grupo, Gonçalo Rebelo de Almeida.
A perda de poder de compra ficará a dever-se ao efeito “das subidas das taxas de juro, que vai ter um impacto grande nos financiamentos, e em particular no crédito à habitação”, indicou o administrador.
Há ainda “um problema grave que continuamos a ter, que é a guerra” na Ucrânia, que tem “estado circunscrita a uma geografia e que todos esperamos que acabe”, mas ainda “poderá vir a arrastar-se”.
Assim, e avisando que podem sempre haver mais surpresas, Gonçalo Rebelo de Almeida frisou: “não acredito que haja um grande crescimento em 2023, mas que haverá alguma tendência para a estabilização”.
Em 2022, a Vila Galé facturou 135 milhões de euros em Portugal, mais 18% que em 2019, pré-pandemia. Excluindo os quatro hotéis que não operaram em 2019, o crescimento do volume de negócios foi de 12%, especificou o administrador.
Portugal foi o maior mercado para a Vila Galé em 2022, com 44% das dormidas e 53% dos clientes. Assim, e contando com a previsão de perda de poder de compra, Gonçalo Rebelo de Almeida diz que “o mercado português dificilmente crescerá muito mais” em 2023.
O presidente e fundador da Vila Galé, Jorge Rebelo de Almeida, vai mais longe e diz ter “algum receio de que possa existir alguma quebra no mercado português este ano”.
Em compensação, “há mercados que eu acredito que podem crescer muito, como o mercado americano”, disse Jorge Rebelo de Almeida, avisando que, porém, é necessário “um trabalho de fundo para atrair mais americanos”.
Gonçalo Rebelo de Almeida, por sua vez, afirmou que, além dos Estados Unidos, que já foram “a grande surpresa de 2022”, também têm “margem para crescer” o Brasil, “que ainda não recuperou os níveis que já teve”, e a Alemanha, que abrandou no ano passado.
Sobre o Reino Unido, Gonçalo Rebelo de Almeida diz que “ainda não sentimos um impacto negativo do Brexit”, uma vez que “o grande receio era a desvalorização da libra”, mas “tem estado estável”.
Aliás, acrescentou, o mercado britânico cresceu, sobretudo no golfe, um segmento que teve “provavelmente o melhor mês de Setembro de sempre”.