O presidente da Vila Galé, Jorge Rebelo de Almeida, afirmou que vai avançar com “incentivos para a habitação”, um problema “gravíssimo” que precisa de ser resolvido para combater a falta de mão de obra na hotelaria, e “que devia ser o Estado a resolver e não resolve”.
Para Jorge Rebelo de Almeida, a solução para a falta de trabalhadores não passa apenas pelo aumento dos salários. “Temos que puxar pela imaginação para melhorar a vida das pessoas (…) porque a realidade é que damos um aumento que é todo absorvido e quem fica a ganhar é o Estado”, disse aos jornalistas, na apresentação do novo restaurante Massa Fina no hotel Vila Galé Porto.
“Não é só o salário que interessa, é o pacote global”, reforçou Jorge Rebelo de Almeida, indicando que a Vila Galé oferece aos trabalhadores seguro de saúde e 65% de desconto no alojamento em qualquer hotel do grupo.
Além disso, a empresa vai “criar incentivos para a habitação, que é um problema que devia ser o Estado a resolver e não resolve”, afirmou o executivo. “Para o próximo ano vamos ter algumas iniciativas para criar alguns apoios para que as pessoas tenham uma solução para o problema da habitação”, reforçou, sem revelar detalhes.
Para o presidente da Vila Galé “Portugal não sobrevive se não tiver mão de obra de fora”, mas para atrair trabalhadores estrangeiros é necessário “criar condições para receber as pessoas”.
“Iniciativa pública está muito parada”
A Vila Galé tem programado abrir quatro hotéis em 2023, em Ponta Delgada, Beja e Tomar, mas tem encontrado severas dificuldades na capacidade de resposta do poder público.
“As dificuldades de resposta da administração pública às aprovações, aos apoios, aos incentivos, ao desbloqueio do que quer que seja estão terríveis, estão pior que nunca”, frisou Jorge Rebelo Almeida.
No geral, “a iniciativa pública está muito parada” e “ninguém tem uma estratégia para o país, para onde é que vamos, qual é o caminho, o que é que vamos fazer”, enfatizou o presidente da Vila Galé.
Com uma maioria absoluta na Assembleia da República, o executivo considera que “nunca tivemos condições tão boas politicamente”, mas “não fazemos nada do que está para ser feito”, incluindo resolver o constrangimento aeroportuário em Lisboa, a situação da TAP e a falta de investimento nos comboios.
Nestas áreas, Jorge Rebelo de Almeida só vê “uma solução para o país” que é “concessionar”.
A rápida recuperação do sector “surpreendeu” Jorge Rebelo de Almeida, que realça que no entanto falta uma estratégia para o futuro. “Nós não temos um país gigantesco (…) e o nosso futuro tem que ser seguir um caminho de melhoria. Temos que ter o engenho e a arte de crescer mais na receita do que na quantidade de gente, porque não temos um espaço ilimitado”.
Perspectivas para 2023
O ano de 2022 foi “maravilhoso” e a Vila Galé está no bom caminho, mas 2023 já revela algumas ameaças, embora Jorge Rebelo de Almeida recuse dramatismo.
“Este ano estávamos a respirar de alívio depois de dois anos sem dormir, a roer as unhas e a fazer obras, e de repente estávamos a começar bem e já se ameaça que para o ano vai ser terrível”, começou por dizer.
Mas recusa-se a ser pessimista: “não é ter um comportamento de excesso de euforia, porque não vai ser maravilhoso, mas também não de excesso de negativismo”.
Para Jorge Rebelo de Almeida o que é preciso é continuar “a fazer coisas, com a consciência de que pode haver problemas, mas também ao mesmo tempo mantendo actividade”.