A concentração de sargaço no Oceano Atlântico, numa zona entre a África Ocidental e a região das Caraíbas e do Golfo do México, tem aumentado significativamente desde 2011, sendo agora possível analisar a sua evolução através de imagens de satélite.
A imprensa internacional, citando diferentes especialistas, indica que a concentração destas algas no Atlântico, descrita como a Cintura de Sargaço, tem o potencial de ser a maior desde que há registos, embora haja “uma ténue esperança de que, no seu todo, a concentração de 2023 não seja tão grande como havia sido previsto”.
Actualmente esta cintura tem aproximadamente 5.000 milhas de largura, cerca de 8.047 quilómetros, e um peso estimado em mais de 10 milhões de toneladas.
Esta concentração está a deslocar-se no sentido Oeste, em direcção à costa do Golfo do México e à região das Caraíbas. Uma vez na costa, o seu impacto nas praias, além de prejudicar o turismo pela sua concentração e odor, também tem componentes negativas para os ecossistemas e a saúde dos humanos, particularmente quando estas algas apodrecem nas praias, em cerca de 48h, e produzem sulfureto de nitrogénio, um gás que é nocivo para pessoas com problemas respiratórios como a asma.
O professor do Florida Atlantic University’s Harbor Branch Oceanographic Institute, Brian LaPointe, citado pela “NBC News” classificou este fenómeno de “incrível”, acrescentando que “aquilo que estamos a ver através de imagens de satélite não abona a favor de um ano de praia limpa”.
O especialista, também citado pela “CNN“, indicou que neste ano, a formação de sargaço começou mais cedo, tendo a sua concentração duplicado entre Dezembro e Janeiro, mês no qual se tornou na maior concentração de sargaço nesta área desde 2011, quando o seu crescimento começou a ser observável a partir do espaço.
“Este é um fenómeno oceanográfico completamente novo que está a criar este probelma – verdadeiramente um problema catastrófico – para o turismo na região das Caraíbas onde se acumula nas praias até entre os 5 ou 6 pés [1,54 a 1,83 metros] de profundidade”.
LaPointe prevê que esta concentração atinja a costa do Golfo do México e as Caraíbas no Verão.
Chuanmin Hu, membro da equipa de estudos oceanográficos da University of South Florida, citado pelo “Miami Herald“, afirmou que “não podemos prever se este ano vai haver um novo recorde”, explicando que “aquilo que podemos dizer é que este ano vai ser outro ano de muito sargaço ao nível da média dos últimos cinco anos”.
Segundo este especialista, a concentração depois de chegar às Caraíbas vai ser ‘conduzida’ para Norte pela corrente do Golfo do México, afectando também praias da costa Atlântica.
Chuanmin Hu ressalvou que “a maior parte das praias devem ser poupadas”, mesmo em locais de incidência deste fenómeno como Miami Beach, explicando que o sargaço não vai aparecer todas as semanas ou meses até Outubro, vai aparecer em aglomerados quando a maré estiver alta e o vento estiver a soprar de Este para Oeste.
Esta concentração de sargaço detém o recorde de segunda maior concentração registada num mês de Fevereiro, segundo o relatório de Hu e da University of South Florida, no entanto a sua concentração diminuiu para dois terços entre Janeiro e Fevereiro, o que oferece “uma ténue esperança de que, no seu todo, a concentração de 2023 não seja tão grande como havia sido previsto”, indica o relatório.
Para Chuanmin Hu, esta situação anual de sargaço, que não tem alteração prevista para o curto prazo, “já se tornou no novo normal, em comparação com há 10 anos”.
Veja também:
O ‘novo normal’ da Cintura de Sargaço e as suas consequências (2/3)
O ‘novo normal’ da Cintura de Sargaço, a sua origem e possíveis soluções (3/3)