O presidente do Conselho de Administração da Abreu acredita que as agências de viagens vão continuar a ser estratégicas para a TAP após a privatização, independentemente dos compradores, porque as companhias aéreas sabem quem vende as melhores tarifas e quem apoia quando é necessário.
Para Jorge Abreu, o mais importante resultado da venda da TAP será ter “uma companhia aérea sólida que possa crescer, aumentar a sua oferta de destinos, manter uma frota moderna e ter colaboradores motivados para trabalhar e para prestar um bom serviço”.
Em declarações ao PressTUR, o executivo considerou “muito importante” que os novos accionistas da TAP mantenham o hub em Lisboa, mas frisou que o risco de não o fazerem “é baixo”, ou não fosse essa a grande mais-valia da transportadora.
Sobre a manutenção das relações comerciais entre a TAP e as empresas turísticas, Jorge Abreu defendeu que “as companhias aéreas conhecem a importância das agências de viagens”.
“As companhias aéreas já perceberam quem são os clientes que vendem as melhores tarifas e que nas alturas da crise estão cá”, acrescentou o executivo. “Na pandemia, quem ajudou as companhias aéreas a trazerem os clientes de volta? Foram as agências de viagens que andaram a resolver grande parte dos problemas que as companhias aéreas não tiveram capacidade para resolver na altura”.
Aeroporto de Lisboa preocupa mais do que a privatização da TAP
Certo de que as companhias aéreas conhecem o valor das agências de viagens, Jorge Abreu declara-se “mais preocupado com a infra-estrutura do aeroporto de Lisboa do que com a privatização da TAP”.
As longas filas para os passageiros que viajam de e para fora do Espaço Schengen, provocadas pelo novo sistema europeu de controlo de fronteiras, “são notícias preocupantes” para o executivo da mais antiga agência de viagens do mundo, fundada em 1840.
“Portugal, sendo um destino de excelência, quer que o cliente tenha uma entrada rápida, fácil, ágil”. O impacto da chegada ao aeroporto “é muito importante”.
“Temos que aprender com os erros dos outros para corrigirmos aquilo que tem sido este novo sistema europeu [de controlo de fronteiras]”, acrescentou o executivo, declarando-se convicto de que a ANA, as companhias aéreas e o Governo “estão a fazer o melhor possível para resolver essa situação”.
O problema afecta quem chega e quem parte, havendo casos de clientes que perderam os seus voos enquanto esperavam nas filas para o controlo de passaportes. “São coisas que fogem ao nosso controlo, mas se o cliente perder o voo, cá estamos nós também para tentar ajudar a resolver esse problema”.
Os agentes de viagens estão “a aconselhar os passageiros a chegarem com mais antecedência ao aeroporto” para não correrem o risco de perder os voos.
Os desafios da Inteligência artificial
Outro desafio que as agências de viagens estão a enfrentar é a evolução da Inteligência Artificial, que criou novas possibilidades para as pessoas pesquisarem itinerários e reservarem viagens, mas Jorge Abreu acredita que as empresas vão conseguir adaptar-se e retirar benefícios destas novas soluções.
“Estou no sector há 30 anos, já tive a morte decretada pelo menos quatro ou cinco vezes e continuamos de pé, firmes”, sublinhou o executivo, lembrando a forma como as agências de viagens se adaptaram à internet, às companhias aéreas a vender directamente aos clientes e ao surgimento das low cost.
Ainda assim, Jorge Abreu reconhece que “a inteligência artificial é um desafio novo para qualquer empresa”.
“É preciso perceber o investimento que está em causa e qual o momento certo para entrar, mas é inevitável e vai trazer mais-valias para nós”, perspectiva o executivo.
O presidente do Conselho de Administração da Abreu prevê que os avanços da inteligência artificial poderão “tornar os clientes ainda mais preparados – vão ter respostas mais rápidas –, mas para nós também vai ser uma grande ferramenta para sermos ainda mais ágeis”.
Ver também: Jorge Abreu: reservar com antecedência é um hábito que veio para ficar
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