A implementação, pela TAP, de um sistema de vendas a prestações disponível apenas em venda directa ao público perturbou a relação com a Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), mas as duas entidades já voltaram a trabalhar em conjunto, com “diplomacia e boa vontade”.
Trata-se de uma relação de peso, uma vez que as agências de viagens portuguesas emitem “cerca de 500 milhões de euros para a TAP, por ano”, revelou ao PressTUR o presidente da APAVT, Pedro Costa Ferreira.
A relação tremeu quando, em meados de Abril, a TAP lançou um novo sistema de venda de bilhetes a prestações disponível apenas para venda directa ao público, que a APAVT considerou ser uma “opção estratégica de afastamento e até mesmo de conflito com as agências de viagens”, capaz de “criar distorções de mercado”. Clique para ler: APAVT acusa TAP de atitude “intolerável e indesculpável” em relação às agências de viagens.
Após este “incidente”, a APAVT e a TAP já voltaram às reuniões, nas quais imperou “respeito pelas posições uns dos outros” e apresentação de “posições construtivas”, garantiu o presidente da Associação ao PressTUR.
“Não são assuntos que se podem apagar com uma borracha, isso não acontece, mas são assuntos que podem ser geridos com diplomacia e boa vontade, que é o que está a acontecer”, sublinhou Pedro Costa Ferreira.
As conversações não têm como objectivo integrar as agências de viagens no novo sistema de vendas a prestações da TAP, o que “seria muito difícil” por questões tecnológicas, esclareceu o dirigente, sublinhando, aliás, que as agências também vendem a prestações, por outros meios.
O que perturbou a relação foi que, com este novo instrumento, “a TAP permite que os consumidores tenham umas condições que, para o mesmo bilhete, para a mesma rota e para o mesmo dia, não tem para os agentes de viagens. É isso que nós achamos que não deve acontecer”, frisou Pedro Costa Ferreira.
“O que nós pretendemos sempre da TAP é igualdade de oportunidades e deixemos o consumidor escolher”, enfatizou o presidente da APAVT.
“A TAP faz 80 anos e nós fazemos 75”, destacou ainda Pedro Costa Ferreira, para caracterizar a relação entre as duas entidades como uma relação entre dois irmãos, que é “muito especial e muito próxima”, com alguns “momentos de tensão”.
Nuno Sousa, director de Vendas da TAP para o mercado português, avançou ao PressTUR que as conversações com a APAVT estão a decorrer e vão no sentido de encontrar soluções vantajosas para as duas partes.
“O tema das soluções de pagamento com cartões de crédito traz custos, e [por isso] criámos um grupo de trabalho para encontrar uma solução que possa ir ao encontro não só do que é a nossa expectativa em termos de custos, mas também das agências. É um trabalho que estamos a fazer com a APAVT e vamos ter mais reuniões brevemente sobre esse tema”, revelou Nuno Sousa.
Na reacção ao novo sistema de vendas a prestações, a APAVT alertou também para o facto de ser implementada “num momento em que as companhias aéreas impuseram às agências de viagens, em Portugal, uma redução de 10 dias, nos tempos médios de pagamento”, que deverá entrar em vigor em Janeiro de 2026.
Sobre este tema, Nuno Sousa garantiu que a TAP “compreende perfeitamente” as agências de viagens, mas alertou que se trata de uma decisão que abrange todas as companhias aéreas, numa tentativa, por parte da IATA, de “uniformizar os prazos de pagamento” na Europa.
O director de Vendas da TAP para o mercado português destacou ainda que a TAP vai associar-se ao Dia Nacional do Agente de Viagens, celebrado a 30 de Maio, com “uma campanha forte para os agentes de viagens e operadores turísticos, para toda a rede TAP”.
Ver também: Vendas da TAP através das agências de viagens estão a crescer 5% – Nuno Sousa
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