A Ryanair anunciou hoje que vai deixar de voar para os Açores em 2026 devido às “elevadas taxas aeroportuárias”, e a ANA Aeroportos já reagiu dizendo que as taxas nos aeroportos do arquipélago são “as mais baixas da rede”.
“As taxas aeroportuárias em vigor nos Açores, as mais baixas da rede, têm sido inalteradas em 2025 não tendo a ANA proposto qualquer aumento para 2026. Essa redução de custo em termos reais (i.e. retirando o efeito da inflação) não pode assim justificar a mudança de posição da companhia”, sublinhou a ANA Aeroportos em comunicado.
A gestora dos aeroportos portugueses, que é detida pela francesa Vinci, declarou-se surpreendida pelo anúncio da Ryanair, uma vez que “as recentes conversas com a companhia irlandesa são orientadas no sentido de aumentar, e não reduzir, a sua oferta de voos para Ponta Delgada”.
A ANA Aeroportos sublinhou que o diálogo com a Ryanair continua aberto, para “identificar, além do conhecido posicionamento de comunicação da companhia, quais terão sido os elementos novos de contexto”.
A gestora aeroportuária acrescenta que as rotas de Ponta Delgada para Lisboa e Porto operadas pela Ryanair também são operadas pela SATA Azores Airlines e pela TAP Air Portugal.
O Governo também reagiu numa resposta enviada pelo pelo Ministério da Infra-estruturas à agência Lusa, onde expressa a sua “surpresa” face ao anúncio da Ryanair.
O Ministério, de acordo com a notícia da Lusa, citada pelo “Jornal de Notícias”, indicou que as taxas de navegação aérea cobradas pela NAV, que incluem a taxa de rota e de terminal, são calculadas de acordo com um mecanismo definido pelo Eurocontrol, comum a todos os Estados-membros, e “resultam directamente dos custos operacionais e, de forma geral, do volume tráfego”. A taxa de terminal “tem registado uma trajetória descendente desde 2023, passando de aproximadamente 180 euros para os actuais 163 euros”.
Sobre as taxas cobradas pela AN Aeroportos, a resposta enviada pelo Ministério à agência Lusa diz que “a proposta de taxas reguladas para 2026 não prevê qualquer aumento face a 2025, mantendo-se nos 8,14 euros por passageiro desde 2024”.
O presidente da Visit Azores, Luís Capdeville, afirmou que o anúncio da Ryanair é uma “pressão negocial” e indicou que o processo não está completamente fechado, de acordo com uma notícia da agência Lusa, citada pelo “Dinheiro Vivo”
A low cost anunciou esta manhã que vai cancelar todos os voos de e para os Açores a partir de 29 de Março de 2026, justificando a sua decisão com as “elevadas taxas aeroportuárias” e a “inação do Governo português”, como tem feito em vários países.
No comunicado, a Ryanair acusa a ANA Aeroportos de aumentar as taxas aeroportuárias “sem qualquer penalização”; e defende que o Governo português “deve intervir e garantir que os seus aeroportos (…) sirvam para beneficiar o povo português e não um monopólio aeroportuário francês”.
Citado na nota de imprensa, o CCO da Ryanair, Jason McGuinness, afirmou que a retirada da low cost dos Açores “é resultado directo do operador aeroportuário monopolista francês – Vinci – que impõe taxas aeroportuárias excessivas em Portugal (as quais aumentaram até 35% desde a Covid) e das taxas ambientais anticoncorrenciais impostas pela UE, que isentam voos de longo curso mais poluentes para os EUA e Médio Oriente, em detrimento de regiões remotas da UE como os Açores”.
A Ryanair, que é a maior companhia aérea europeia em número de passageiros transportados, com 178,1 milhões de Janeiro a Outubro, está a cortar ligações em vários países por motivos semelhantes, ou seja, por não receber cortes em impostos e taxas por parte dos Governos dos países em questão. Clique para ler: ‘Circo itinerante’ da Ryanair continua na Alemanha.
No sentido inverso, a Ryanair anunciou em Outubro a retoma das “operações completas” na Jordânia, com 84 voos por semana em 18 rotas, indicando que tal expansão se deve “à abordagem pragmática do aeroporto [de Amã] e à atitude pró-negócios” do Governo da Jordânia. Clique para ler: Ryanair retoma operações na Jordânia e anuncia expansão
No trimestre de Julho a Setembro, o Grupo Ryanair obteve um lucro líquido de 1.718,9 milhões de euros, o que equivale a um aumento de 287,7 milhões de euros ou 20,1% em relação ao terceiro trimestre do ano passado. Clique para ler: Ryanair aumentou lucro líquido em 20% no 3º trimestre.
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