O Verão “foi muito sofrido, muito trabalhoso”, mas o maior operador turístico português, a Solférias, voltou a crescer em número de clientes e facturação, revelou Sónia Regateiro, Chief Operating Officer, em entrevista ao PressTUR.
A 8 de Setembro, dia que em foi realizada a entrevista, a Solférias somava 72 mil clientes com viagens compradas para este Verão (1 de Maio a 31 de Outubro), um aumento de cerca de 11 mil clientes em relação a 8 de Setembro de 2024.
Em volume de negócios, o operador turístico regista um crescimento de 19% este Verão, um desempenho “maravilhoso” nas palavras de Sónia Regateiro.
Ainda assim, rentabilizar as operações foi um desafio, porque “houve novamente excesso de oferta de operações charter”, de acordo com a executiva.
PressTUR: As operações da Solférias foram rentáveis este Verão?
Sónia Regateiro: Junho e Julho foram bastante sofridos por muitas ofertas que tivemos que fazer para escoar lugares, pela concorrência e pelo mercado em geral. A rentabilidade não foi negativa, nem lá perto, mas ficou muito abaixo das nossas expectativas. Para compensar, tivemos um mês de Agosto que foi um mês canhão, foi muito bom em termos de rentabilidade. Setembro também não está mal vendido, mas foi o mês de Agosto que equilibrou a rentabilidade de Junho e Julho. Estamos bastante satisfeitos.
PressTUR: Como é que se comportou a procura?
Sónia Regateiro: Temos aqui duas balanças. Por um lado, temos o cliente que sabe o que quer e para onde quer ir, que cada vez reserva com mais antecedência. A Black Friday em Novembro do ano passado foi brutal a nível de vendas para este Verão, como nunca tínhamos sentido antes. E a BTL, em Março, voltou a ser um grande momento de vendas, que superou a do ano passado e superou a Black Friday. Depois temos outro tipo de passageiro que está sempre pendurado pelo orçamento. Ou seja, vai para onde houver a melhor oferta.
PressTUR: Houve demasiada oferta disponível para a procura existente em Portugal?
Sónia Regateiro: Continuou a haver muita oferta no mercado português. Houve novamente excesso de oferta de operações charter. Isso levou a que fossem feitas muitas ofertas. Houve reduções até 400 euros, que é o valor do avião para alguns destinos. Ou seja, voltou a ser sofrido, teve que ser muito trabalhado, prejudicaram-se margens e rentabilidades em alguns meses, e ganhou-se noutros para compensar. Foi muito sofrido, muito trabalhoso, mas mais uma vez a equipa esteve à altura. Agarrámos novamente o boi pelos cornos e estamos cá para ficar.

Sónia Regateiro revelou ao PressTUR que Cabo Verde voltou a ser o destino nº1 em volume de vendas este Verão. O Egipto, com três voos charter por semana este Verão, subiu ao segundo lugar. Em terceiro ficou a Tunísia. Seguiram-se o Senegal, Porto Santo, Disneyland Paris, Maldivas, Marrocos, Brasil e São Tomé e Príncipe.
As operações mais difíceis de vender foram Enfidha, na Tunísia, e Saïdia, em Marrocos, de acordo com a executiva.
PressTUR: A Tunísia foi um dos destinos com maior aumento de operação este Verão. Como correu?
Sónia Regateiro: Correu bem. No ano passado, até ao momento tínhamos 6.900 passageiros vendidos. Este ano vamos com 9.400. Aumentámos o número de voos, tivemos mais operação, mais contratação. A maior parte das operações foram boas. Sofremos um bocadinho com Monastir e Enfidha. Calculo que Enfidha tenha sido mal trabalhado e mal divulgado. Muitos agentes de viagens não sabiam onde ficava.
PressTUR: Quantos lugares contratou a Solférias para a Tunísia este Verão?
Sónia Regateiro: Contratámos 9.580 lugares em charters para a Tunísia. É muito lugar. Tivemos Lisboa – Djerba, Porto – Djerba, Lisboa – Enfidha, Porto – Enfidha e Porto – Monastir. Não acreditamos que no próximo ano venhamos a repetir o Lisboa – Enfidha, porque eram horários nocturnos, o que também prejudicou a operação.
PressTUR: Isto significa uma redução na operação para a Tunísia em 2026?
Sónia Regateiro: Não, porque também temos lugares em garantia com a Tunisair para Tunes, e também vamos ficar com mais lugares em voos charter no próximo ano. A operação da Tunísia, principalmente a de Djerba, vai passar a ser partilhada só por nós e pela Viajar Tours. Ou seja, reduzimos um voo, mas temos mais lugares noutras operações.
PressTUR: E Saïdia, em Marrocos?
Sónia Regateiro: Foi difícil. Foi das operações que nos correu pior este ano, a par de Enfidha. Estamos a falar de Saïdia a partir de Lisboa. O voo do Porto não foi mau, conseguiu manter o equilíbrio. O voo de Lisboa para Saïdia foi uma operação muito sofrida. É um destino barato e quando há muita oferta no mercado, preços muito agressivos e descontos enormes, que se sentiram na Boa Vista e na Tunísia, colocando esses destinos ao nível de Saïdia, Saïdia não vende, porque é um destino de preço e de proximidade. Além disso, tivemos dificuldades por estar a fazer o Lisboa – Saïdia com um avião da TAP com horários nocturnos.
PressTUR: Mas é para manter em 2026?
Sónia Regateiro: Sim, vamos continuar a apostar em Saïdia. Vamos manter as operações, com alguns ajustes na parceria com a Soltrópico para equilibrar a oferta, mas não queremos abandonar Saïdia. Temos uma relação excelente com o Turismo de Marrocos, que faz um trabalho extraordinário de divulgação e promoção. Queremos continuar a apoiá-los. Vamos manter esta aposta, tentar melhores horários. Não vai ser fácil, mas não podemos deixar de continuar a apostar em Saïdia.
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