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Vinho de Talha: Saiba mais sobre esta técnica milenar candidata a património da UNESCO

A produção de Vinho de Talha, através das suas técnicas tradicionais, existe de forma ininterrupta na região do Alentejo há pelo menos 2.000 anos, e a sua técnica de produção encontra-se no Inventário Nacional de Património Cultural Imaterial para uma candidatura à UNESCO.

Esta técnica de produção de vinho foi trazida pelos romanos para as regiões do Algarve e do Alentejo, onde ainda se encontra e onde as uvas beneficiam do clima quente e seco que lhes confere mais açúcar e menos acidez.

A forma de produção do vinho de talha, apesar de haver variantes locais que conferem características diferentes aos vinhos, mantém-se inalterada desde que foi introduzida na região.

O seu processo não começa com a apanha da uva, mas sim com a criação da talha, um recipiente em barro que é coberto por pez de louro e cera de abelha, de forma a isolar o vinho do contacto com o barro. A aplicação desta camada deve ser repetida a cada 10 ou 15 anos.

Entre as características das adegas do vinho de talha estão os tectos altos e as janelas grandes, que permitiam que a uva fosse descarregada directamente no pavimento e aí pisada. O chão destas adegas é inclinado para o centro, onde se encontra uma talha enterrada para onde o mosto acabava por deslizar. Actualmente, com a introdução de lagares e de outros processos de pisa, esta talha enterrada serve para salvaguardar algum vinho na eventualidade de uma das talhas rebentar dentro da adega, e é conhecida por “ladrão”.

Depois da pisa e do desengace, em máquina ou à mão, as uvas são colocadas dentro da talha e o processo de fermentação começa ao fim de cerca de 36h e termina passada uma ou duas semanas depois da entrada das uvas. Durante o período de fermentação é necessário quebrar a camada de mosto que se acumula na parte superior da talha, duas a três vezes por dia, de forma a que os gases gerados não criem demasiada pressão na talha e façam com que esta rebente.

Depois da fermentação, é preciso esperar que este mosto comece a descer até ao fundo da talha e passe a ser conhecido como “mãe”, ficando em contacto com o vinho durante cerca de quatro meses. Nesta altura, a talha é coberta por um tampo de madeira ou um pano limpo, enquanto o vinho ‘descansa’ até ao Dia de São Martinho.

Nesse dia especial, quem manda é o ditado alentejano “no dia de São Martinho, vai à adega e prova o vinho”. É feito um corte na rolha de cortiça no fundo da talha, e o vinho corre para um alguidar, filtrado pela “mãe”.

O PressTUR viajou a convite do Município de Vidigueira

Ver também:

Vinho de Talha: Conheça a Adega Cooperativa, o Centro Interpretativo e as Ruínas Romanas

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