Além do “excesso de capacidade aérea face à capacidade hoteleira disponível”, Porto Santo voltou a sofrer este ano de um “decréscimo da qualidade de serviço”, que esteve na origem de várias reclamações, disse ao PressTUR Sónia Regateiro, Chief Operating Officer da Solférias.
PressTUR: No início do ano as vendas para Porto Santo custaram a arrancar, mas acabou por correr bem?
Sónia Regateiro: Porto Santo é uma operação que, em algumas partidas, nos provoca batimentos cardíacos acelerados. Exige um grande esforço de acompanhamento, de planificação de ofertas, divulgação de produto e trabalho de redes. Temos a vantagem de ter uma Associação de Turismo da Madeira muito dinâmica. Ajuda-nos imenso na promoção do destino durante todo o ano, essencialmente no Verão, que é quando temos um elevado número de lugares. O problema com Porto Santo é que há um grande excesso de capacidade aérea face à capacidade hoteleira disponível. Há seis voos charter de Portugal Continental além da capacidade da easyJet e da TAP, enquanto a capacidade hoteleira é a mesma há anos. Muitas vezes ficamos com lugares de avião por vender por falta de resposta na hotelaria. E depois tem o problema do decréscimo de qualidade de serviço. É um produto que não é barato para a distância de voo. Muitas vezes há ofertas para as Caraíbas muito mais baratas do que para Porto Santo. E quando a qualidade não equipara ao nível de preço começa-se a sentir dificuldades, porque Porto Santo também é um destino de muita repetição. Famílias que vão para lá todos os anos começam a dizer que não é como era, ou que a comida e o serviço já não são tão bons, ou os quartos estão ‘gastos’, o que pode levar a pensar em fazer mais duas horas de voo e ir para Cabo Verde, ou mais uma hora e ir para as Canárias ou para Maiorca.
PressTUR: Mas este Verão voltou a verificar-se essa quebra na qualidade do serviço ou isso foi um assunto do ano passado, relacionado com falta de mão de obra na hotelaria?
Sónia Regateiro: Temos tido. Voltámos a ter muitas reclamações em relação ao serviço em Porto Santo. Problemas nos quartos e comida, essencialmente.
PressTUR: É um problema só de Porto Santo ou de outros destinos também?
Sónia Regateiro: Este ano, o maior número reclamações que temos tido são de Porto Santo. Eu acho que Porto Santo está a ser um bocadinho penalizado pela questão do staff. O turismo foi muito afectado na pandemia, houve muita gente a sair da área e a conseguir fazer vida fora do turismo. Depois da pandemia, conseguir encontrar gente para trabalhar com a devida formação não tem sido fácil. Tem sido um desafio para várias organizações. Em Porto Santo, os hoteleiros tiveram que importar muita mão-de-obra de Marrocos, de São Tomé, etc. Muitas vezes há staff que não está familiarizado com a língua portuguesa. Quem viaja para Porto Santo não está à espera de ter que falar francês ou inglês para pedir uma bebida ao balcão. Essa dificuldade de staff não ajuda.
PressTUR: Há previsão de melhorar para o ano?
Sónia Regateiro: Eu espero bem que sim. Eu acho que os hoteleiros, principalmente os de Porto Santo, têm que ter em consideração que se não tratarem da galinha dos ovos de ouro ela deixa de dar ovos de ouro.
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