A não viabilização de uma operação charter tal como anunciada inicialmente “é grave”, mas na Solférias os agentes de viagens terão sempre uma solução com antecedência, garantiu Sónia Regateiro, Chief Operating Officer do operador.
PressTUR: Este ano voltaram a ser anunciados charters de Lisboa que acabaram por partir do Porto, como Monastir e Saïdia. De alguma forma, isto afecta a confiança dos agentes de viagens e dos clientes…
Sónia Regateiro: Voltámos a não conseguir viabilizar slot de Lisboa para os charters de Monasitr. Para Saïdia não conseguimos porque mudámos o dia da operação. No ano passado voámos de Lisboa para Saïdia à sexta-feira e este ano tínhamos oportunidade de ter o avião disponível ao Sábado. A operação de Saïdia é partilhada com o Viajar Tours. Voar ao Sábado é sempre preferível. É sempre um dia de menor risco porque não corta semanas de férias. Achámos que seria uma oportunidade voarmos ao Sábado. Esta mudança levou a que não conseguissemos realizar a operação a partir de Lisboa por falta de slots. Se tivessemos mantido a sexta-feira mantinha-se o histórico do ano transacto.
PressTUR: E a mudança dos charters de Lisboa para o Porto afectou a confiança dos agentes de viagens?
Sónia Regateiro: Foram as duas operações em que a Solférias esteve envolvida, Lisboa-Monastir e Lisboa-Saïdia. Em termos de confiança, no meio de tantas operações que temos, não viabilizar duas é grave, logicamente, mas eu acho que não é suficiente para que o agente de viagens deixe de confiar em nós. Há uma coisa que o mercado sabe, a Solférias não protela decisões. A 30 de Abril, se as coisas não estão todas confirmadas, nós anunciamos na hora. Não esperamos pelo mês de Maio ou Junho para o fazer. O agente de viagens pode contar que da Solférias vai ter tempo de reacção para solucionar problemas. Nunca vamos deixar um agente de viagens sem uma solução. Se a 30 de Abril nos dizem que está confirmado em parte, para nós isso não existe. Na operação de Saïdia tínhamos slot confirmado em Junho e até meados de Julho, faltava até final de Agosto. Podíamos ter arriscado, mas não. Não o faremos, porque a 1 de Maio o agente de viagens que recebe a notícia tem tempo para dar soluções ao cliente, se aceita alteração, se procura alternativa. A partir de 30 de Abril o que não se realizar é comunicado de imediato.
PressTUR: Que soluções é que apresentaram aos clientes afectados?
Sónia Regateiro: Demos a alternativa do cliente viajar a partir do Porto, recebendo uma compensação financeira para ajudar na deslocação. As agências de viagens do Algarve tiveram a possibilidade de garantirmos alojamento no Porto para os clientes que quisessem viajar de véspera, porque o voo era muito cedo. Tentamos sempre encontrar formas de compensar. Ou fazendo uma redução de preço para ajudar no transporte, ou garantindo alojamento na véspera.
PressTUR: Com o Aeroporto de Lisboa como está é possível prevenir esta situação?
Sónia Regateiro: Não. Eu até já tenho vergonha do tema do Aeroporto de Lisboa. Já estou há uns anos no turismo e já ouço falar deste tema há muitos anos. O que ainda me dá mais vergonha é que eu sei que nós vamos continuar com este problema e dá muita pena um país que depende do turismo como nós dependemos, e nem estou a falar de outgoing, que é o nosso core business, como é que é possível um país estrangular o seu próprio crescimento por falta de infra-estrutura aeroportuária. É simplesmente inadmissível, é vergonhoso não termos políticos que consigam decidir.
PressTUR: Mais do que continuar, o problema da impossibilidade de crescimento poderá agravar-se?
Sónia Regateiro: Há companhias aéreas que querem voar para Lisboa. Este ano tivemos a Air Cairo a tentar viabilizar uma operação do Cairo para Lisboa, que era uma tremenda mais-valia para o nosso país, e não conseguiu. E se não se consegue viabilizar uma operação regular anual, como é que se viabilizam operações pontuais? A nossa mais-valia e aquilo com que o mercado pode contar é que todas as operações repetentes têm o histórico do slot e vão ser mantidas sem problema. Tudo o que sejam operações novas, é melhor pensar noutros aeroportos que não Lisboa.
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