“É mais um player no mercado, que nós temos que respeitar e temos que estar atentos”, assim responde Sónia Regateiro, Chief Operating Officer do operador turístico Solférias, à entrada da easyJet em Cabo Verde este Inverno.
PressTUR: Como é que a Solférias encara a entrada da easyJet nos voos de Lisboa e Porto para a Ilha do Sal este Inverno?
Sónia Regateiro: É mais um player no mercado, que nós temos que respeitar e temos que estar atentos. Aliás, a easyJet também pode ser um parceiro da Solférias. Nós não fechamos a porta. Neste momento, não temos nada formalizado com a easyJet, porque temos tido resposta por parte dos nossos parceiros habituais na operação, quer da TAP quer da Empty Leg. Mas vai ser complicado a nível de hotelaria, não posso dizer que não vai ser. Cabo Verde, principalmente no período de Inverno, é muito procurado por mercados do Norte da Europa, Inglaterra, Alemanha e outros. Fica muito bem vendido no Inverno. Há hotéis em ‘stop sales’ até final de Novembro. Ou seja, com mais um player na Ilha do Sal logicamente que vai haver constrangimentos de alojamento, mas acabam por aparecer sempre alternativas de alojamento local e apartamentos. É outro tipo de viajante que se calhar vai chegar à Ilha do Sal.
PressTUR: Em princípio poderá haver espaço para todos…
Sónia Regateiro: Sim, são segmentos e clientes diferentes. Até ao momento a Ilha do Sal era muito vendida pela operação turística com base de alojamento em hotelaria. Com a entrada de uma low cost talvez possa abrir entrada a um tipo de turista diferente daquele que procura hotelaria, ou seja, aquele que procura um apartamento, férias mais em conta. É um tipo de turismo que a Ilha do Sal se calhar vai receber como novidade. Na minha opinião fazia mais sentido ter uma easyJet a voar para a Cidade da Praia, que é a capital, onde existe uma carência enorme de ligações e o mercado étnico voa essencialmente para a Cidade da Praia. Para mim fazia mais sentido a easyJet na Cidade da Praia do que na Ilha do Sal.
PressTUR: Como é que a Solférias está a encarar o próximo ano?
Sónia Regateiro: Vamos começar a trabalhar os orçamentos do próximo ano em Outubro. Neste momento estamos em regresso de férias de Verão. Estamos ainda a ultimar o resto da operação de Verão deste ano. Já estamos a fechar operações do próximo ano para depois conseguir fazer contas, depois de ter tudo fechado.
PressTUR: Existe algum desafio à actividade da operação turística em Portugal para o próximo ano, além do aeroporto de Lisboa?
Sónia Regateiro: Sim, do aeroporto já nem se fala, porque já todos estamos cansados de falar das dificuldades do aeroporto de Lisboa, que é efectivamente um grande constrangimento à operação turística em Portugal. E vai ser pior, vai ser bem pior. Outra grande ameaça para o próximo ano é saber como é que o mercado se vai comportar a nível de excesso de oferta.
PressTUR: O excesso de oferta foi o grande problema deste Verão?
Sónia Regateiro: Eu acredito que sim. Não em Agosto, porque em Agosto tudo se vende, mas principalmente nas pontas das operações, de início de Junho até meados de Julho. São demasiados voos e já se fala que para o ano serão mais.
PressTUR: A expectativa era que o mercado se entendesse de forma a não haver excesso de oferta. É isso?
Sónia Regateiro: Eu gostava muito que os dois grandes players espanhóis conseguissem equilibrar a oferta turística em Portugal e colocá-la à dimensão do nosso mercado, mas sabemos que isso é talvez utópico.
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