Avistar tartarugas a desovar, comer peixe acabado de pescar e dormir num acampamento no meio da vegetação são as experiências mais autênticas de contacto com a natureza possíveis na Ilha de Poilão, na Guiné-Bissau, considerada sagrada pelo povo Bijagó.
Era o dia pelo qual mais esperava: visitar a última ilha do Arquipélago dos Bijagós, a Ilha Sagrada de Poilão.
Foram cerca de 3h30 de viagem na nossa canoa de alta-velocidade, com uma paragem na Ilha de Cavalos, que, tal como a Ilha de Poilão, também faz parte do Parque Nacional João Vieira e Poilão, para um lanche na praia na sombra da vegetação. Enquanto lanchávamos, o Belmiro, o nosso guia para esta aventura, foi pescar o nosso almoço. E quando nos encontrámos novamente, estava o Belmiro com quatro peixes estilo barracuda, com a maior das naturalidades, como se tivesse ido à peixaria.
E, finalmente, Poilão, uma ilha rodeada por rocha negra e areia onde as tartarugas, maioritariamente de espécies verde e olivacea, vão para fazer os seus ninhos.
O nosso acampamento fica dentro da zona onde começa a vegetação, mas não fica mesmo no interior da ilha, que está interdita a visitantes. É no interior da ilha que os Bijagós fazem os seus rituais, e a nossa presença nesta zona periférica apenas é permitida com autorização da tabanka (povoação ou aldeia) à qual pertence esta ilha. A presença de um membro dessa tabanka também é obrigatória enquanto cá estamos, e foi assim que o amável sr. Ferreira se juntou ao grupo.
Depois de montadas as tendas e a cortina para o duche com saco de água, decidi passear pela ilha, enquanto o jantar estava a ser cozinhado.
Saí da zona de vegetação e fui para a praia, onde encontrei uma tartaruga bebé a caminho da água, foi a primeira que aqui vi, e, no meu entusiasmo por não ser de madrugada, quando costumam sair do ninho rumo ao mar, decidi fazer um longo filme a segui-la. Mais tarde explicaram-me que algumas tartarugas que não saem logo de manhã com o resto da ninhada, acabam por sair mais tarde, quando a temperatura volta a baixar.
Fui confrontado com uma dura realidade: a quantidade considerável de lixo que deu à praia nesta ilha, e o pensamento de que este lixo vem do Oceano, depositado por mão humana, o que cria um quase insuportável sentimento de impotência perante a desconexão do nosso modo de vida em relação a outros, mais frágeis, mas não menos importantes.
Nesta ilha também se encontram vestígios da época da colonização portuguesa, como é o caso da bóia de alto mar e da torre de observação presentes acima.
Regressei ao acampamento e serviram-nos o peixe que o Belmiro, o nosso destemido guia, pescou enquanto lanchávamos em Cavalos. Peixe mais fresco do que este é difícil encontrar.
Houve ainda tempo para uma curta integração de uma garça no nosso grupo, que inicialmente pensavamos que ia ficar com o nosso almoço, mas foi-nos explicado que está apenas a comer os insectos que tentam pousar nos peixes.
O PressTUR viajou a convite da TAP Air Portugal e do Orango Parque Hotel
Continua:
Arquipélago dos Bijagós: A Ilha Sagrada de Poilão 2/2
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Orango Parque Hotel: A tabanka de Eticoga 1/2
Orango Parque Hotel: A tabanka de Eticoga 2/2
Arquipélago dos Bijagós: A Ilha Sagrada de Poilão 1/2
Arquipélago dos Bijagós: A Ilha Sagrada de Poilão 2/2
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